A escolha perigosa de fazer um Reboot de uma das séries teens mais importantes de todos os tempos foi um dos saltos mais ousados e arriscados que uma plataforma de peso como a HBO Max poderia dar. Quando você ressuscita algo icônico e o tenta adaptar aos dias atuais, ou pode dar muito certo ou muito errado.
Acredito que o intervalo de menos de uma década do final da série original para essa nova, mais atrapalhe que realmente ajude pelo fato dos últimos acontecimentos estarem muito frescos em nossas mentes. Blair Waldorf ainda é a verdadeira rainha do Constance, Serena Van Der Woodsen a garota mal compreendida e deslocada e Dan Hamphrey o bolsista bom moço.
Uma outra escolha duvidosa por parte dos roteiristas foi a escolha de revelar quem é a verdadeira Gossip Girl logo no primeiro episódio. Se por um lado o mistério é gostoso e bem vindo por outro a decepção de descobrirmos que na verdade a Gossip Girl o tempo todo era uma pessoa nada a ver depois de seis anos de show não é algo que queremos, e escolhendo jogar de forma segura, sem perder pontos com a audiência a HBO preferiu o mais previsível, tornando os professores do Constance relevantes na brincadeira e transformando-os na verdadeira Garota do Blog, a fim de controlar os jovens que não respeitam mais o corpo docente escolar.
Para quem não engoliu o fato do Dan Hamphrey ser a antiga garota do Blogue, agora há de convir que a garota do Blogue tem motivações mais plausíveis e frias que a anterior para existir, mesmo que bizarras.
Aliás, esqueçam os blogues, nessa nova faceta da série, o Instagram é o verdadeiro inimigo dos adolescentes. Temos como protagonistas Julien Calloway (Jordan Alexander), Zoya Lott (Whitney Peak), Max Wolfe (Thomas Doherty), Aki Menzies (Evan Mock), Audrey Hope (Emily Alin Lind) e Obie Bergmann (Eli Brown).
A trama gira em torno das irmãs Julien e Zoya e a relação conflituosa delas e seus pais, tendo em vista que são filhas apenas da mesma mãe.
Numa busca incessante de torná-las as novas Blair e Serena, as novas amigas e rivais, o roteiro se torna muitas vezes previsível e cansativo.
Outra coisa que me incomoda muito é a forma como os personagens mudam de ideia e opinião de uma cena para a outra. Eles não se sustentam em seus posicionamentos, no mesmo episódio em que tem guerra tem amor, e do nada mais "guerra".
Outra impressão que me dá é a de que eles não se aprofundam em nada, falam sobre tudo, mas superficialmente, de modo com o qual o telespectador não consegue se conectar o suficiente com aquilo que estão querendo passar. Como quando em um episódio o Aki tá sofrendo por não entender a sua sexualidade e no outro episódio ele já está bem resolvido sobre sua bissexualidade. Ou quando as irmãs brigam e do nada se apoiam e depois se afastam de novo e assim num looping infinito.
Uma coisa que eu senti que incomodou todos que assistiram é o fato das irmãs em pleno século vinte e um, era da tecnologia, informação e empoderamento feminino "competirem" o amor de um cara. Cara esse que, desculpe os fãs, é o personagem mais chato, sem graça e sem sal de todos.
Com a exceção de alguns do elenco que são atores fracos (pelo menos até aqui, claro que podem melhorar) como o Evan Mock que interpreta o Aki, o meu crush da série, e o "amor" da vida das irmãs, Eli Brown, que interpreta o Obie, as atuações são boas, e eles cumprem bem o papel. A professora responsável por trazer a Gossip Girl de volta, Kate Keller (Tavi Gevinson) tem monólogos muito bons apesar de ser uma atriz desconhecida e nova. Algum dos jovens também se destacam, como é o caso do luxurioso Max Wolfe interpretado pelo Thomas Doherty, que passa a temporada sofrendo o divórcio repentino de seus pais e tendo momentos de extrema intensidade e drama. Emily Alin Lind tem momentos cômicos e sabe muito bem como se portar na frente das câmeras de maneira carismática ao encarnar Audrey.
Atrizes que eu achei pouco aproveitadas foram a Zíon Moreno, que interpreta a Luna Lá e a Savannah Lee que é a Monet, ambas seguidoras fiéis, ou não tão fiéis assim de Julien, que servem de espécie de Minions na mão da abelha rainha. As duas tem um grande potencial, inclusive a primeira deixou uma série adolescente que eu amo e que ela tinha um super papel de destaque chamada Control Z para se aventurar em Gossip Girl e cá entre nós, não, não valeu nada à pena, ela mal aparece, quando aparece é só para servir de empregada para a Julien. Triste, mas realidade.
Nessa temporada dividida em duas partes de seis episódios cada, fomos introduzidos ao mundo desses jovens da geração Z. Os episódios são cumpridos e muitas vezes enrolados, se fossem mais compactos fariam mais sentido, tendo em vista que os assuntos abordados são redundantes e sem significado profundo.
Um dos únicos episódios que eu realmente amei foi o de Ação de Graças que é um episódio que traz todo o elenco principal junto, reunido na mesa, lavando a roupa suja, todas as histórias se cruzando e se chocando umas com as outras. A bagunça generalizada, do jeito bem Gossip de ser. Rs
Nessa primeira etapa do show tivemos diversas referências à série original, algumas participações não tão importantes, mas que esquentaram a alma dos fãs da finada série. A presença de Eleanor Waldorf, seu marido e Dorota, e por incrível que pareça, a apresentação do filho da Georgina, que é a mãe dele inteiro. Nada profundo, mas de grande significado.
Se na época em que a primeira versão foi liberada já causou o maior tumulto, agora meu amigos, se preparem! Reformulada e repaginada, essa nova versão da Garota do Blogue é mais safada, mais sexualmente solta, livre e sem tabus. Também por ser apresentada em um streaming a produção não hesita em trazer a liberdade sexual dos jovens, que transam, bebem e se drogam como adultos. Tire as crianças da sala!
É incontestável a importância de GP para a geração passada, o quanto nos entretemos com as confusões, as fofocas e intrigas ocasionadas por ela, contudo, será que essa nova geração comprará a ideia? Será que eles terão o material interessante o suficiente para isso?
Após uma temporada morna de morde e assopra e um final de temporada que "prometeu", com Julian se unindo à Gossip Girl como aliada e jurando entregar os podres da galera toda, será que veremos finalmente uma Blair Waldorf se manifestar nessa nova geração? Eu chuto, por tudo o que vimos que não, se continuar caminhando como tudo o que vimos, vai ser mais do mesmo, ela sendo má e mudando de ideia instantaneamente.
Com sua segunda temporada já confirmada desde meados de Setembro deste ano, contudo com um destino incerto, vocês acham que a série vai vingar como a anterior ou não?
Deixe o seu comentário, XoXo
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