Uma nova família chega ao Las Encinas e chega para desestruturar tudo e todos.
Em seu quarto ano e com metade do elenco principal sendo formado por novos atores, Elite retorna, para a nossa alegria, nos trazendo sua nova faceta e tentando acertar em novas histórias que infelizmente não cativam tanto quanto as contadas em temporadas anteriores.
À princípio eu achei o tom da série experimental se comparado às temporadas anteriores, principalmente na maneira de introdução dos novos personagens, entretanto ao decorrer do show vamos percebendo que se por um lado o seu tom inicial foi experimental, por outro eles vão relaxando e pecam ao utilizar dos mesmos artifícios já utilizados antes, tornando a história redundante e previsível.
A história gira em torno da família de Benjamín (Diego Martín), que é o novo diretor de Las Encinas, um ex CEO frio e calculista que promete trazer disciplina e ordem ao colégio alvo de polêmicas e grandes acidentes, ele tem três filhos adolescentes.
Ari (Carla Diaz) é uma jovem controlada por seu pai que se apaixona por Samuel (Itzan Escamilla) e por Guzmán (Miguel Bernardeau), e fica entre esses dois grandes amores até que ela não consegue escolher entre eles, me lembrando o enredo da primeira temporada em que a Marina (María Pedraza) se apaixona por Samuel e seu irmão Nano (Jaime Lorente). E a história dela é basicamente essa, alguns resquícios interessantes sobre ela é a sua dualidade, ela é aquela típica figura que você não sabe descrever se é boa ou má, meio Lucrécia (Danna Paola), mas tirando isso, a personagem não cativou.
Patrick (Manu Rios) é outro personagem que para mim não serviu para nada nessa temporada, é o irmão gêmeo de Ari, que praticamente não tem história, ele serve apenas como pivô do término do namoro de Ander (Arón Piper) e Omar (Omar Ayuso), que cá entre nós, já estava desgastado há muito tempo. Espero que futuramente ele seja mais bem trabalhado e bem desenvolvido, pois o roteiro em muitos momentos nos preparava para algo mais vulnerável e intimista vindo dele, mas sempre parava e como uma espiral renunciava esse lado dele para retornar ao lado ninfomaníaco e raso que fizeram questão de tacha-lo do começo ao fim.
Mencía (Martina Cariddi) é a única mais interessante dos irmãos que nos traz mais do que cenas vazias ou mais do mesmo. Ela é uma jovem rebelde que contradiz tudo o que o pai a fala e é obrigada a se prostituir após uma briga na qual seu pai corta toda a sua mesada. Ela cria um laço amoroso com Rebeka (Claudia Salas) e as duas mergulham numa aventura ilícita e um amor sincero e cheio de problemas.
Os personagens da antiga leva tornam-se um pouco coadjuvantes em relação à família Benjamín, eles são a peça central e estão vinculados a tudo o que acontece nesses oito episódios da quarta temporada.
Achei contraditório muitos dos comportamentos de personagens que até o final da terceira temporada tiveram um bom desenvolvimento e do nada, em várias situações voltaram a ser os mesmos escrotos de antes, principalmente no caso de Guzmán que a todo momento fez questão de humilhar e menosprezar Samuel salientando o fato dele não pertencer a aquele mundo de dinheiro e riquezas ao qual se encontra. Inclusive essa rixa dos dois pela atenção de Ari me pareceu muito forçado, eu odiei esse arco e espero que eles nunca mais toquem nesse assunto.
Cayetana (Georgina Amorós) é outra que se redimiu no final da temporada anterior, mas voltou com tudo nessa temporada a fim de conquistar tudo aquilo que lhe é de direito rs… Quando eu vi que um príncipe entraria na história eu já tava ligado que seria alvo certo dela, e foi dito e feito. Por incrível que pareça eu gostei muito desse núcleo, da maneira que ele foi construído e das mensagens que nos passou. O fato do príncipe Phillipe (Pol Granch) ser um verdadeiro lixo e proporcionar à Cayetana tudo aquilo que ela sempre quis a fez questionar até que ponto realmente vale à pena se entregar para alguém apenas por interesse. Também teve as cenas com o estilista e a árdua escolha que a personagem teve que tomar, além de muitas reflexões e questionamentos importantes acerca de assédio, abuso e estupro que eu amei, esse foi o meu arco predileto porque também foi o único que realmente quis me passar algo além de sexo, drogas e loucuras.
Surfando numa onda meio Euphoria (2019-atualmente), tão ou ainda mais ousada que as outras temporadas no sentido sexual, essa quarta temporada de Elite veio apenas para causar um alvoroço mesmo. Muita insanidade, quase zero conteúdo, mais do mesmo, porém bastante assistível e me entreteve a ponto de eu engoli-la do começo ao fim em poucas horas. Funciona para quem não procura grandes sentidos e significados e quer apenas espairecer com uma trama recheada de sacanagem, intrigas e superficialidades.
A sua quinta temporada já está confirmada e resta a nós apenas um questionamento, existe futuro para Elite ou já tá na hora de dizer adeus?
Todas as temporadas de Elite você encontra disponíveis na Netflix.
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