Posteriormente ao ato heróico de tirar várias crianças de Gilead e levar um tiro, June (Elizabeth Moss) é levada às pressas ao seu destino, onde fica durante um período até se recuperar na casa de Esther (McKenna Grace), e gradativamente consegue se recuperar até ser "pressionada" por Esther a determinar os seus próximos passos.
Nessa temporada nós vemos uma nova June, a June que não hesita em ir atrás daquilo que ela mais deseja, justiça! Sim, ela está imbatível, e é incrível ver como quando a gente acha que a história não tem como ficar melhor, ela simplesmente fica!
O roteiro é envolvente, bem desenvolvido e bem escrito. É nítido o crescimento de cada um dos personagens e o fato da história ter o teor cada dia mais progressista sem enrolar ou encher de linguiça, ao contrário de outras séries. Os acontecimentos fluem quase que espontaneamente e a gente nem vê os episódios passarem.
Não teve um episódio em que eu não tenha ficado submerso de ansiedade, preocupação, tensão e adrenalina e isso se deve ao perfeito trabalho dos diretores ao sempre escolherem os mais belíssimos e significativos planos para contarem a história e a galera responsável pela sonoridade dos episódios, que está impecável! Tanto em sua sonoplastia geral de ambiente quanto em sua trilha sonora com músicas empoderadas como I say a Little Prayer - Aretha Franklin, (You Make Me Fell Like) A Natural Women - versão Carole King e You Don't Own me - Lesley Gore.
A fotografia de O conto da Aia nunca decepciona, sempre com uma imagem um tom mais gélido e geralmente escuro para destacar a precariedade distópica da situação pela qual todos estão passando. A produção também cumpre bem o seu papel, desde as vestes, cenários aos ambientes muito bem escolhidos para determinadas cenas.
Esse é um show de grandes atuações, e nessa temporada, mais uma vez, devo tirar o chapéu à atuação de Elizabeth Moss principalmente na cena em que ela entra no quarto em que Serena (Yvonne Strahovski) está mantida presa para conversar com ela e tacar em sua cara todas as atrocidades que foi obrigada a passar e para atribuir um significado "macabro" à gravidez de Serena dizendo que agora a mesma deverá pagar por tudo o que ela e seu marido fizeram, gente, que cena, que atuação! Se ela não ganhar o Emmy eu não sei de mais nada. Outra que de praxe nunca decepciona é Ann Dowd que interpreta a maldita tia Lydia que gente, nessa temporada estava com sangue nos olhos para pegar a June de jeito, a cena que é praticamente um monólogo dela dando depoimento à bancada de Comandantes em um dos primeiros episódios, as expressões que ela faz, eu fiquei aterrorizado! Rs… Uma que me chamou bastante atenção principalmente no final da temporada foi Mckenna Grace, a Esther, que só tem quinze anos na vida real e deu um show de atuação quando Janine (Madeline Brewer) entra no quarto em que está mantida prisioneira para avisá-la que infelizmente não há saída ou solução ao seu caso e se ela quiser viver terá que se submeter aos sistema e às ordens de tia Lydia.
Referente a história, eu não acho que eles cometeram nenhum erro em suas escolhas, pelo contrário, as três primeiras temporadas foram muito focadas no funcionamento e sistema de Gilead. Nessa finalmente conseguimos arejar um pouco os ares que estavam um pouco desgastados e mergulhar mais nas histórias relacionadas ao Canadá.
Se alguém tinha dúvidas da capacidade e força da protagonista agora não tem mais. Ela está invencível, repito, invencível. E depois de tantos percalços que ela teve que passar a escolha certeira foi exalta-la nessa quarta parte do show. Eu fiquei morrendo de medo dela não aceitar a ajuda de Moira (Samira Wiley), foi para mim o momento mais louco da temporada, por dentro o meu corpo todo vibrava, se ela não aceitasse ir com Moira para o Canadá eu surtava, certeza! É palpável o amor e admiração que June ainda sente por Luke (O. T. Fagbenle) e que apesar disso também ainda ama Nick (Max Minghella), o que é aceitável tendo em vista tudo o que foi obrigada a enfrentar, só fico curioso para saber quem no fim das contas ela escolherá! A parte em que ela depõe contra os Waterford é outro auge da série, e uma cena memorável pois em nenhum momento teve corte, foi ela falando para o público e relatando todas as injustiças e intempéries que sofreu nas mãos do casal.
Amo que a Janine teve mais foco nessa temporada, ela é uma personagem que desde a primeira temporada foi meio deixada de lado e retratada como alguém que não sabe o que faz, como uma coadjuvante estúpida, e nessa finalmente conhecemos mais a história dela, o seu passado, o que a tornou quem é e descobrimos uma nova faceta dela, a de sobrevivente e sinto que se os roteiristas souberem trabalhar a personagem muitas surpresas ainda nos aguardam.
Serena e Fred (Joseph Fiennes) apesar de terem papéis importantes para o desenrolar da trama pouco fizeram diferença nessa temporada, achei muito fraca as cenas e diálogos dos dois. Uma decisão que ao meu ver foi bastante proposital do próprio enredo para focarem mais no lado das vítimas, essa foi a temporada das vítimas, chegou a época das correções.
Tia Lydia teve toda uma questão de crises e metamorfoses, começou com muito sangue nos olhos, foi agressiva em demasiado, depois chantageou o comandante Joseph (Bradley Whitford). Tudo isso sem esquecer o lado materno que serve a Deus e respeita as regras ditadas em Gilead do jeito mais ambíguo possível, pois dá para ver que apesar de todas a suas atitudes duvidosas, no fundo existe sim um lado materno dela com as suas tão preciosas aias.
Pra mim a maior decepção dessa temporada foi a história ou não história de Emily (Alexis Bledel). Os roteiristas simplesmente a deixaram de lado. Mesmo as coisas que ficaram em aberto das temporadas anteriores sobre ela não foram abordadas no show, como a possível contaminação tóxica que ela sofreu e a deixou doente, ou a sua relação esquisita e distante com o seu filho e esposa que precisaram se readaptar a sua chegada ao Canadá, enfim… Tocaram apenas no fato dela ter tido o clitóris amputado, dando um desfecho à Tia responsável pela barbárie.
As últimas cenas me deixaram sem palavras, sem palavras literalmente, agora estou aqui, ansioso para saber o que acontecerá em breve. Essa foi a minha temporada predileta até o momento.
Em sua melhor fase, com um final gigantesco e magnífico e a quinta temporada confirmada, The Handmaid's Tale se consolida como um show surpreendente, forte e intenso que até o momento, digo com a maior despretensão possível, não decepciona ao mexer com nossas estruturas.
E vocês, o que acharam dessa quarta temporada? Deixe o seu comentário!
Parabéns RO, o conto de aia é tudo de bom ❤️❤️❤️
ResponderExcluirValeu Val, eu tbm amo essa série! ❤️
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