Nova produção brasileira na plataforma de Streaming Netflix, criada por Carlos Saldanha, que participou na co-produção de filmes como A Era do Gelo e Rio, e roteirizado por nomes como Raphael Draccon e Carolina Munhóz (ambos responsáveis pela série O Escolhido -2019/atualmente).
A história gira em torno do detetive Eric (Marco Pigossi), que ao perder a esposa em um misterioso incêndio decide investigar os motivos que ocasionaram a sua morte. A série liga realidade com fantasia, ao apresentar personagens populares do folclore brasileiro como Cuca, Saci Pererê, Boto cor de rosa, Sereia Iara e Curupira.
Apesar de ter caído na popularidade e graça do público logo após a sua estreia, devo admitir que é uma série que para mim não entregou o melhor material do mundo, ainda mais tratando-se de histórias de nossa cultura.
Com um elenco misto, trazendo atores veteranos como o próprio Pigossi, Alessandra Negrini, Fábio Lago e Thaia Perez e atores mais novos como Wesley Guimarães e Jéssica Córes, eles cumprem bem o papel principalmente Pigossi que faz muito bem o marido perdido e sofredor e Fábio Lago vivendo na pele do famoso e frustrado Curupira.
A fotografia e produção estão muito boas, como não poderia ser diferente. A abertura da série nos entrega com precisão diversas referências que estão ligadas a cada uma das lendas apresentadas, um trabalho de fato feito com muito cuidado e zelo.
Apesar de tantos pontos positivos e da premissa ter tudo para arrasar, afinal, nunca havíamos visto uma série que trate de mitos nacionais em nenhuma outra plataforma antes, a série peca ao apressar o enredo e contar a história, desculpe a indelicadeza, pelas coxas.
Para o público mais imediatista e apressadinho, a série pode ter parecido impecável, porém levemos em consideração o fato de estarmos falando de algo cultural, amplo e rico que é o nosso folclore. Se vocês procurarem no Google a quantidade diferente de versões que são contadas da história de cada um desses personagens, dos elementos que foram deixados de lado pelo roteiro ao decorrer de cada episódio e no ritmo frenético que eles escolheram contar a história sem se preocuparem em se aprofundar de verdade em seus anseios e motivações, é no mínimo frustrante para aqueles que esperavam muito mais de uma produção que tinha tudo para cativar muito mais os nossos corações.
O formato compacto de trinta e cinco, quarenta minutos, sete episódios, pode ter funcionado muito bem para séries menos requintadas no sentido histórico, como Emily em Paris (2020), The End of The Fucking World (2017-2019) ou até mesmo na nacional Bom Dia Verônica (2020-atualmente), contudo quando tratamos de histórias com viés cultural, mexendo com lendas locais, é necessário um cuidado maior por parte dos roteiristas ao demonstrarem o maior nível possível de "precisão" e riqueza de detalhes sobre que levou os personagens a serem quem são e não cenas aleatórias de um minuto ou dois com flashbacks que pareciam ter sido gravados em cima da hora às pressas, apenas para suprir a necessidade do público de entender da onde vinham e porque se tornaram quem são hoje. Ainda mais quando o show é apresentado ao mundo através de uma plataforma abrangente e poderosa como a Netflix, essa era a nossa chance de mostrarmos que o Brasil é muito mais que Carnaval e Futebol, e desculpe, mas infelizmente não obtivemos êxito com essa empreitada, no máximo conseguimos instigar os gringos a pesquisarem na Web quem são esses seres místicos, uma tarefa que cabia à série cumprir.
Não é uma série que eu desgostei, não foi nenhum pouco entediante de assistir, pelo contrário, ela caminha quase que sem percebermos e quando estamos suficientemente apegados às situações e personagens somos obrigados a encarar a penosa realidade, a série chegou ao seu fim, retificando, a temporada chegou ao fim.
Com um final cheio de possibilidades e muitas pontas soltas, uma segunda temporada já foi confirmada e cabe a nós meros mortais apenas teorizarmos sobre todas as situações que possam vir a acontecer na próxima parte dessa aventura e esperarmos que eles corrijam e optem por se aprofundarem mais nas histórias que eu tenho certeza, fizeram parte da infância da maioria de vocês e que merecem ser retratadas com muito mais perspicácia, carinho e cuidado por parte dos criadores e roteiristas.
E vocês, o que acharam de Cidade Invisível? Quais são as suas teorias em relação à segunda temporada do show?
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