Primeiras impressões - Estreia 5ª temporada de The Marvelous Mrs. Maisel

  Dia 14 de Abril, estreou a quinta e última temporada de The Marvelous Mrs. Maisel e o prime video liberou três episódios. Após uma conversa franca com Lenny Bruce (Luke Kirby) no fim da temporada passada, Midge ( Rachel Brosnahan) é obrigada a encarar os fatos, entretanto é tarde demais para voltar atrás e abrir o show de Tony Bennet. Esse é o ponto em que ela percebe que precisa voltar a se mover se realmente deseja prosseguir e ser bem sucedida em sua carreira como comediante. A temporada já começa com uma cena de 1981, de uma garota em uma espécie de terapia, essa garota o roteiro não deixa claro quem é, mas tudo indica ser a filha de Midge porque no segundo episódio vemos uma espécie de documentário onde essa mesma garota ou uma muito parecida com ela está dando entrevista sobre como é ser a filha de Midge Maisel. Eu acho que essas cenas do futuro são muito boas e dá até um aperto no coração de saber que o roteiro está fazendo isso propositalmente para conseguir encerrar ...

Bela Vingança (Promising Young Woman)


Dirigido e roteirizado por Emerald Fennell (Killing Eve), o longa produzido por nomes como Margot Robbie, nos introduz Cassie (Carey Mulligan), uma jovem que sonhava em ser médica, entretanto é obrigada a largar a faculdade e voltar a viver com os seus pais quando uma situação traumática ocorre em sua vida. 

Pelo menos uma vez por semana, Cassie vai até uma espécie de boate e lá se passa por bêbada para atrair homens e ver o quão longe eles irão, tendo em vista o seu estado de "vulnerabilidade". 

O filme é multigênero e nos traz cenas de drama, comédia, romance e tem até um quê de thriller, todos muito bem trabalhados por sinal. A produção teve todo um cuidado com a fotografia, com a palheta de cores que sempre nos remetem aos tons pastéis das unhas da protagonista e o seu figurino ousado e fora dos padrões. 

O roteiro é dinâmico, bem ritmado, tem movimento e nele existe uma jovialidade ao contar a história. 

Ao mesmo tempo em que trata de temas pesados os fazem de uma maneira leve, descomprometida e o mais importante, didática. Digo didática, pois o filme não hesita em nos mostrar a verdade nua e crua da realidade feminina em relação aos homens quando estas estão de alguma maneira indefesas e expostas, como em um bar ou um pub e são induzidas a os acompanharem. Pontuando com precisão todos os erros corriqueiros cometidos pelos homens e não os absolvendo em momento algum. Outro ponto relevante é que as mulheres que participam do projeto evidenciam com proeza as consequências que essas circunstãncias ocasionam nas mulheres, explorando ao máximo os traumas e feridas pelo qual essas vítimas são obrigadas a transcorrer ao longo de suas vidas e que o que para os caras é apenas um momento de prazer para elas passa a ser um divisor de águas entre ter uma vida mentalmente saudável e não ter mais. 

O filme também trabalha com nuances, e traz diversos questionamentos e reflexões, principalmente, para nós, homens. Nem tudo é no preto e branco. Você pode o ser o cara mais desconstruído do universo, mas ainda assim indiretamente ter culpa no cartório, como acontece com o namoradinho de Cassie, Ryan (Bo Burnham), afinal, estamos sempre aprendendo e nos desconstruindo. 

Com um leque diverso de referências feministas de filmes que impactaram a cultura pop, como Kill Bill (2003-2004), Doce Vingança (2010-2015) e até elementos de Aves de Rapina (2020), o desenrolar da história é bárbaro, de roer as unhas. Amo como eles construíram a história em capítulos e cada um correspondia a uma vingança diferente, quer algo mais Tarantino, que isso? Aliás, eu só não digo que é um filme do tio Quentin, exatamente pela falta de mortes em demasia, característica tão típica dele, porque do contrário, se encaixaria como uma luva. 

As atuações estão muito boas, Carey Mulligan é com certeza, uma das melhores atrizes da nova geração de atrizes, e digo e repito, se não for dessa vez que ela ganhará o Oscar, ainda chegará o seu momento. Foi bom rever atores que eu não via em outros projetos há algum tempo como Laverne Cox (Orange is the New Black), Jennifer Coolidge (American Pie), Adam Brody (The OC), dentre outros, contudo nenhuma interpretação para mim realmente teve relevância ou aprofundamento o suficiente como a da protagonista. O longa não dá espaço suficiente para os coadjuvantes brilharem, o que não é um problema propriamente dito, apesar de eu ter sentido falta de conhecer mais os personagens secundárias e suas motivações (mesmo a maioria delas sendo injustificáveis). 

Com uma variada trilha sonora, que vai de Charlie XCX a uma versão diferentona de Toxic da Britney Spears, você não consegue parar de assistir o filme. Fiquei tão vidrado, entrei na história de uma maneira tão absorta que o final do filme chegou e eu nem vi. Você se emocionará, sentirá ódio, raiva, tristeza, se compadecerá com a mocinha, e sobretudo, irá pensar duas, três vezes, sobre como tratar uma mulher, sobre o que é aceitável e o que não é aceitável. 

Considerado um dos prediletos ao Oscar 2021, e já na minha lista de grandes indicações, Bela Vingança (Promising Young Woman) se consolida como o filme que todo homem deveria assistir. 

E vocês, curtiram o filme? Carey vai conseguir ou não a tão sonhada estatueta dourada? Deixe o seu comentário. ​

 

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