Primeiras impressões - Estreia 5ª temporada de The Marvelous Mrs. Maisel

  Dia 14 de Abril, estreou a quinta e última temporada de The Marvelous Mrs. Maisel e o prime video liberou três episódios. Após uma conversa franca com Lenny Bruce (Luke Kirby) no fim da temporada passada, Midge ( Rachel Brosnahan) é obrigada a encarar os fatos, entretanto é tarde demais para voltar atrás e abrir o show de Tony Bennet. Esse é o ponto em que ela percebe que precisa voltar a se mover se realmente deseja prosseguir e ser bem sucedida em sua carreira como comediante. A temporada já começa com uma cena de 1981, de uma garota em uma espécie de terapia, essa garota o roteiro não deixa claro quem é, mas tudo indica ser a filha de Midge porque no segundo episódio vemos uma espécie de documentário onde essa mesma garota ou uma muito parecida com ela está dando entrevista sobre como é ser a filha de Midge Maisel. Eu acho que essas cenas do futuro são muito boas e dá até um aperto no coração de saber que o roteiro está fazendo isso propositalmente para conseguir encerrar ...

O Mundo Sombrio de Sabrina - Parte 4

Usufruindo de muito fan service, finalmente está entre nós a quarta e derradeira parte das aventuras da bruxa mais famosa do mundo. 

Vou avisando de antemão, que estou me sentindo extremamente frustrado com tudo o que eu vi e não pouparei spoilers, portanto se vocês não assistiram esse não é o post para vocês. 

A dualidade que Sabrina(Kiernan Shipka) vive desde a primeira temporada é rompida ainda no final da temporada anterior quando o ciclo da Sabrina do futuro salvando a Sabrina do passado é cessado, dessa maneira, ambas passam a coexistir ao mesmo tempo. É decidido que uma viverá a vida normal de Spellman e a outra viverá no inferno com o seu pai Lúcifer, sendo a Morningstar, acabando finalmente com a dicotomia e os dilemas da personagem que não queria deixar os amigos e família de lado e tampouco desistir do poder que intrinsecamente lhe coube tão bem, o de futura rainha do inferno. 

Ao seguirmos a lógica de viagem no tempo, não fica difícil imaginarmos a confusão que tudo isso ocasionará.  

O grande problema desta temporada não é a previsibilidade em relação às consequências dos atos duvidosos da protagonista, mas sim ao fato do roteiro que peca na desconexão de situações. 

Toda temporada de O Mundo Sombrio de Sabrina tem um episódio "especial", que também são episódios conhecidos por não fazerem muita diferença na temporada, são apenas episódios que exploram um tema específico à parte do enredo principal desenvolvido até então. Na primeira temporada temos o monstro do sono e na segunda temos a taróloga que aparece do nada em Greendale e lê o futuro de cada um dos personagens principais se não me engano, enfim, nessa quarta parte, podemos dizer facilmente que toda a temporada consiste em episódios especiais tamanha a incoerência temática, cada um trazendo um monstro diferente. Não me levem à mal, seria interessante de se ver caso estivéssemos em uma temporada intermediária e experimental, contudo trata-se de uma conclusiva onde cada segundo vale mais que ouro e até o episódio seis, mais ou menos, não havia um único elemento que me fizesse enxergar um resquício de que o iminente fim definitivo estivesse próximo. 

O gancho do monstro do lago e do ovo, que foi deixado em aberto no final da parte três não foi continuado nessa temporada, outro grande erro e esquecimento por parte de Roberto Aguirre-Sacasa, roteirista e desenvolvedor do projeto junto com a Netflix.

A impressão que eu tive assistindo é que não houve preocupação e cautela em desenvolver algo conciso, os monstros eram todos jogados um a um, episódio por episódio, e eu sempre me questionando aonde que tudo aquilo iria nos levar, se no final das contas, como por um milagre todas as situações se uniriam em um belo centro auto-explicativo. Algo como aconteceu na série The Witcher (2019), por exemplo, que nos trouxe fragmentos da história, mesmo que em linhas temporais diferentes e as uniram em um único, porém translucido núcleo. Fui muito ingênuo mesmo, a coisa só foi piorando. 

Os personagens por si só muitas vezes refletiram a incoerência do autor, transpareceram não saber bem o que queriam, Sabrina no final de um episódio queria levar as coisas com calma e não se entregar novamente a Nicholas (Gavin Leatherwood), no começo do episódio seguinte já estava mais que entregue aos seus braços. Theo (Lachlan Watson) termina o seu namoro com o duende Puck (Jonathan Whitsell) por não querer que ele deixasse o seu mundo de lado, mas logo no episódio seguinte, do nada, reatam o namoro. Caliban (Sam Corlett) quer destituir Lilith (Michelle Gomez) do poder e arma um plano para matar o bebê, mas acaba ocasionando no parto prematuro do filho dela e depois nunca mais é dito nada sobre os planos do dito cujo. Lilith, ao se sentir ameaçada por Caliban no inferno procura por abrigo e ajuda das bruxas que agora seguem a deusa Hécate, assim que nasce o seu primogênito ela o mata na primeira ameaça que Lúcifer faz à ela, mesmo tendo muitas outras maneiras de se resolver o problema. Mambo Marie LeFleur (Skye P. Marshall) que estava desempenhando um papel importante na academia das bruxas e no seu relacionamento com Zelda Spellman (Miranda Otto) revela que não é quem diz ser e sim uma entidade.  Ross (Jaz Sinclair) descobre que é uma bruxa, mesmo isso sendo óbvio desde a primeira temporada. Harvey (Ross Lynch) que não aceitou Sabrina por ser uma bruxa, milagrosamente aceita Ross, por quê? Não faço idéia, sendo que o amor que ele sentia por Sabrina era muito maior. 

Gente, é muita contradição e loucura para um roteiro só, Roberto não estava em plena consciência de seus atos e não aceito explicações. 

Os poucos momentos do show em que consegui me divertir e ver alguma coesão de ideias foram os momentos em que Sabrina Morningstar e Sabrina Spellman interagiam uma com a outra. As conversas sempre francas e profundas, eram um eufemismo para o autoconhecimento que todos nós, seres humanos precisamos explorar dentro de nós, afinal, existe melhor ouvinte e conselheiro que nós mesmos?

Outra sacada legal foi a participação das tias da Sabrina Aprendiz de feiticeira (1996-2003) e o velho e falante gato Salem, a forma como eles foram introduzidos na série foi inteligente e teria salvo a temporada se ela já não estivesse suficientemente machucada. Apesar de legal, acredito também que a empreitada foi utilizada na hora errada, tendo em vista que no momento final esperávamos algo mais focado na Sabrina e seus coadjuvantes que nos foram apresentados nesta nova versão e não em relíquias dos anos noventa. 

Os momentos musicais da série também foram sacadas boas e sou suspeito, afinal de contas, gosto muito de séries teens que envolvam situações acopladas à música. O casamento da tia Hilda (Lucy Davis) foi outro elemento que trouxe leveza e momentos de emoção que me agraram muito. 

Não obstante, nem as conversas, nem o outro cosmos e muito menos as belas canções conseguiram amolecer o meu coração e me preparar para o que estava prestes a vir, quisera eu ter evitado esse desprestígio, a cena em que na vida pós-morte, Sabrina reencontra Nicholas que não aguentou perder a sua amada e suicidou-se. É pieguice que vocês queriam meu povo?  

Gente, como eu adoraria uma quinta parte, não por amar o que aconteceu nessa, mas pelo fato de ter a esperança de um possível reparo e explicação de coisas que, na minha opinião deixaram a desejar. 

Com um final trágico e estúpido, O Mundo Sombrio de Sabrina se consolida para mim como o pior final de série já feito, nem Lost (2004-2010), conseguiu me desapontar tanto. 

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