Criada por George Kay e François Uzan, protagonizado por Omar Sy (Os
intocáveis), a história gira em torno do personagem Assane Diop, um homem
misterioso que tem como principal objetivo roubar um colar que descobrimos mais
para a frente que está ligado com a história de seu pai e seu próprio passado.
Ao contrário do que muitos pensam, não trata-se de uma série sobre o Lupin dos
livros de Maurice Leblanc, pelo menos, não diretamente. Ao longo dos episódios
vamos vendo diversas referencias a cerca da série de livros, muitas das estratégias
de Assane são baseadas nas atitudes do personagem que é considerado uma espécie
de Sherlock Holmes frances, contudo, ainda assim, é uma história a parte.
Gostei muito da maneira como a história é introduzida, essa foi uma das
séries mais gostosas de assistir, logo de cara me simpatizei pelo roteiro e produção.
Tiveram momentos é claro em que eu simplesmente não consegui entender
aonde queriam chegar, não sei se por erro ou apenas por intenção própria. Ao
mesmo tempo em que os planos do protagonista eram geniais, alguns também
acabavam sendo um tanto quanto estúpidos. Como o momento da fita, ele preferiu
procurar um tablóide não confiável que simplesmente jogar o vídeo onde Hubert
Pellegrini (Hervé Pierre) negociava a venda de armas com terroristas em sua
conta no Twitter, cadê o sentido nisso? Outro ponto que para mim parece ser um
erro de roteiro é o fato dos “colegas” de crime de Assane simplesmente não
aparecerem mais na história ou não quererem vingança do mesmo ao tentarem
entregar a sua identidade após o
desastre que ocorreu no leilão, nada disso tira o fato do show ser atraente,
mas são alguns dos pontos falhos para mim.
Com um mistura de Revenge, La Casa de Papel, O Gambito da Rainha e
pasmem, até mesmo com alguns elementos de Bom dia Verônica, ela é tudo o que
fãs de mistério e investigação amam, intercalando, obviamente, com o bom e
velho alívio cômico que não pode nunca faltar em grandes produções. Tirando os
pontos mencionados acima, a série me entreteve do começo ao fim, sem dúvidas
tudo colocado nela funciona muito, mesmo as coisas que não foram tão bem explicadas
(espero que o sejam na próxima parte).
As atuações convencem, Omar Sy cumpre com precisão o papel de filho
injustiçado e intelectualmente ousado, e o idioma francês me encanta, assistam
legendado, por gentileza! Rs...
Os personagens coadjuvantes são todos muito bem utilizados também. O
vilão Pelegrini é um pouco caricato no sentido de até a própria família ter
receio de contrariá-lo, contudo nesta primeira parte ainda não tivemos a
oportunidade de ver cem por cento de sua personalidade, espero que ele volte
com mais sangue nos olhos nos próximos episódios. A ex esposa de Assane Claire
(Ludivine Sagnier) tem o seu charme, Juliette Pellegrini (Clotilde Hesme) é a
filha classuda do vilão apaixonada por Assane que teve o seu coração partido
pelo mesmo e que tudo indica que dará muito pano para a manga na história ainda.
No entanto, apesar de todos terem a sua importância para a trama a personagem
que para mim foi uma divisora de águas com sua aparição foi sem dúvidas Fabienne Beriot (Anne Benoît), além de ser
enriquecedora e dar movimento aos episódios, também foi responsável por alguns
dos momentos mais legais dessa primeira parte. Inclusive não acho que se
desfazer da personagem foi a melhor das escolhas, tendo em vista a sua
importância, eu com certeza acredito que ela poderia ser mais bem utilizada futuramente,
mas agora é tarde demais.
A produção e fotografia são impecáveis e logo no primeiro episódio já me
deixam boquiaberto com as cenas de ação. Na hora em que os bandidos estão
fugindo com o colar, é uma cena e tanto. Outro momento que eu amei foi quando o
drone entra na casa de Pellegrini e faz todos aqueles marmanjos de idiota, é
uma bela sequência de cenas muito bem gravadas.
Outro tópico muito bem levantado que não pode ser deixado de lado é
quando a série entra no racismo que camufladamente o protagonista e seu pai são
alvos desde o momento em que
entram na vida da família Pellegrini, um retrato fiel de nossa sociedade
contemporânea onde a maior parte dos crimes relacionados à cor da pele são velados
e estruturais. A parte em que Babakar Diop (Fargass Assandé) tenta abrir a
porta do carro que Anne Pellegrini (Nicole Garcia) está, para ajudá-la sendo
que é o novo motorista contratado por Hervé e ela entra em pânico, travando a
porta, nitidamente assustada pelo fato de um homem negro estar mexendo na
tranca do carro, é um lamentável porém verídico episódio vivenciado por
milhares de pessoas negras ao redor do mundo.
Com um instigante final e deixando pontas soltas, a segunda parte da
primeira temporada de Lupin está no topo da minha lista de espera.
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