Dessa vez focado em Jules (Hunter Schafer), Euphoria volta com
mais um episódio experimental enquanto a segunda temporada não sai
oficialmente.
Gente, logo nos primeiros segundos do episódio já somos
surpreendidos por uma das cenas mais brilhantes da série, é um compilado de situações
que são passados através da pupila de Jules como se ela estivesse relembrando e
repassando várias e várias vezes em sua mente tudo o que aconteceu desde que chegou
a cidade.
Logo somos situados e percebemos que Jules está em uma sessão
de terapia, sofrendo e em crise, por estar arrependida das ações tomadas no
final da temporada passada quando deixou Rue (Zendaya) na estação de trem. Aliás,
para quem tinha dúvidas sobre a veracidade dos sentimentos dela por Rue agora tem
certeza que realmente houve um envolvimento muito maior entre elas do que
possamos sequer imaginar.
Umas das coisas que eu mais gostei no episódio é o fato de terem
trazido histórias inéditas que ocorreram ao decorrer da primeira temporada,
explicando as motivações que impulsionaram Jules a abruptamente ir embora. Como
o fato de sua mãe ter retornado após um tempo na reabilitação para pedir
desculpas por tudo o que fez, entretanto recebendo orgulho e resistência dela
que se sente culpada quando posteriormente tudo indica que a mulher sofreu um
tipo de recaída ou apenas sofreu um acidente quando ela escuta o seu pai
conversando no telefone com o hospital.
Existe também momentos mais íntimos entre ela e Rue, que corrijam-me se eu estiver enganado, não fazem parte de cenas da primeira temporada.
Assim como o episódio especial anterior, este episódio
brinca com a intimidade. O diálogo entre Jules e sua terapeuta é tão profundo
quanto complexo e assertivo. Eu amo como várias pautas são levantadas, desde
aceitação do corpo, padrão de beleza até mesmo o fato da personagem questionar
os reais motivos pelo qual se transicionou e sobre como moldou toda a sua vida
acerca da feminilidade que os homens tanto almejam e procuram nas mulheres, e
até que ponto vale realmente a pena se submeter a esse tipo de situação, sendo
que agora está passando por um grande crise de identidade, se sentindo uma
verdadeira fraude.
A auto-crítica da personagem é muito tangível quando estamos
falando desse assunto, existe uma culpa concreta quando ela fala sobre não
gostar mais filosoficamente de homens, eu não acho que esse filosoficamente
tenha sido colocado no roteiro à toa, eles queriam deixar claro que por mais
que os homens, com suas atitudes tenham a magoado, existe sim, a atração
física, mesmo ela estando em um relacionamento com uma mulher pela primeira vez.
Essa aversão da personagem aos homens é algo mais ideológico e como dito
filosófico que verdadeiramente palpável.
É muito fofo quando ela alega que Rue foi a única mulher que
não apenas olhou para ela, mas que também a enxergou, afinal de contas, as
mulheres estão sempre olhando superficialmente umas para as outras. Ouvir isso,
fez todo o sentido para eu compreender o porquê dela ter cedido e se relacionado
pela primeira vez com alguém que até então não fazia o seu tipo.
Quando Jules revela o peso de sua relação com Rue, e como
ela sentia que a sobriedade de Rue dependia quase totalmente de sua
disponibilidade à ela e como isso era sufocante e cansativo, é outro grande
elemento resgatado da primeira temporada do show que se baseou dessa dependência
que a personagem de Zendaya criou dela.
Apesar de não deixar de fora o assunto Nate Jacobs (Jacob
Elordi), a propósito, o que não faltam são cenas quentes e ilusórias dela com
ele, e de existir um sentimento dela por ele, acho que a desilusão da
personagem em relação a Nate é muito maior que qualquer resquício de amor que
possa vir a reaparecer num futuro breve, mesmo assim, não podemos descartas as possibilidades, é claro que os
roteiristas não deixarão de lado o polêmico casal que pode dar muito mais pano
para a manga à trama.
O episódio é atraente e envolvente, nós entramos de cabeça na atmosfera do consultório da Dr. Nichols (Lauren Weedman). Na série, Hunter Schafer brilhou, mas nesse episódio
maravilhoso conseguimos ver com nitidez o lado mais vulnerável de sua
personagem, também destacando a sua maior capacidade de atuação e flexibilidade
ao lidar com monólogos, que é o elemento do momento, tendo em vista a fase
precária que estamos passando com a Covid 19.
A trilha sonora também é perfeita e diversificada, e como sempre, não decepciona, com canções como Liability da Lorde e a nova de Billie Eilish com a cantora Rosalia, Los Vas a Olvidar. Esta primeira introduziu a história da melhor forma possível.
Com um leque de possibilidades e muita coisa deixada em aberto,
resta a nós aguardarmos para ver o quanto essas crises impactarão na vida de
Jules Vaughn, Rue Bennett e Nate Jacobs.
Este segundo episódio especial, Fuck Anyone Who's Not a Sea Blob, já está disponível na plataforma de streaming HBO GO. Não existe data confirmada de estreia para a segunda temporada, estima-se que novidades surgirão ainda no segundo semestre deste ano.
E vocês, quais são as suas teorias e apostas para os próximos
acontecimentos? Jules irá parar de tomar os hormônios e destransicionará? Vocês
são time Rueles ou time Nales? Deixe o seu comentário.
Comentários
Postar um comentário