Após perder o Dojo Cobra Kai para seu
ex sensei e ter que lidar com os acontecimentos drásticos do final da temporada
passada, Johnny Lawrence (William Zabka) é obrigado a olhar para dentro de si e
se reestruturar como pessoa.
A temporada para mim consegue muito bem
manter o nível das duas primeiras, inclusive, em muitos momentos sendo ainda
mais eficaz que as anteriores.
Quando Daniel Larusso (Ralph Macchio)
percebe que quase perdeu a sua filha e que o Karatê pode trazer muitos danos a tudo o que já construiu ele opta por encerrar o Dojo Miagi Do no final da
segunda temporada, nos trazendo apenas uma certeza, Miagi Do retornaria mais
forte que nunca, afinal de contas, uma vez no jogo sempre no jogo. Estamos
cansados de ver esse tipo de "abandono" em séries e filmes, como Kill
Bill e John Wick, onde os personagens querem se desvencilhar de seus passados,
mas o passado está tão intrínseco em suas almas que não quer se desvencilhar
deles.
Sim, de fato existe uma previsibilidade
nas ações dos personagens, eu mesmo, discutindo com uma amiga minha já tinha
certeza de que o Johnny e Daniel se uniriam em algum momento, que Miguel (Xolo
Maridueña) perderia os movimentos de suas pernas, mas tudo ficaria bem (tipo
novela mexicana rs), contudo mesmo com a história tomando um rumo muitas vezes
esperado, a maneira como os roteiristas nos contam esse processo é deliciosa,
alternando de partes muito profundas, partes de comédia e alívio cômico e por
último e não menos importante, as partes cheias do bom e velho fan service que
estamos tão habituados a ver em Cobra Kai.
Nesta terceira parte temos menos
movimento que a segunda, no entanto uma maior dinamicidade de situações, o que
não aconteceria se o terreno não tivesse sido tão bem estruturado
anteriormente.
É incrível como eles acertam no timing
ao resgatar determinado assunto do passado, a série é Cobra Kai, mas Karatê Kid
está mais vivo que nunca em cada segundo de cada episódio. Eles viram que a
receita rendeu bons frutos e não hesitaram em reutilizá-la nesta temporada. Eu
simplesmente amei como eles trouxeram de volta os personagens do segundo filme
da franquia, ao engancharem os problemas profissionais de Daniel em relação à
imagem de sua concessionária que está passando por uma grande crise devido à
rebelião na escola a uma viagem a Okinawa, proposital, mas mesmo assim, muito
legal. Todo esse núcleo Okinawa é muito nostálgico e emocional, desde o momento
em que ele chega no território ao momento em que ele finalmente encontra as
cartas escritas pelo Sr. Miagi (Pat Morita) à sua amada Yukie (Nobu McCarthy).
Quando ele se reconcilia com Chozen (Yuji Okumoto) é outro grande auge da
temporada para mim, afinal de contas, Chozen era simplesmente odiável no filme.
Outro grande elemento que os
roteiristas usufruiram para mim é a relação paterna entre Johnny e Miguel
que nesta temporada ganha ainda mais destaque e força, eu gostei do jeito como
a conduziram. Não basta Johnny ser um amigo/sensei, como também acaba se
tornando uma espécie de fisioterapeuta e psicólogo do garoto, nos trazendo as
piadas mais cômicas e irreverentes da temporada, eu que não sou de rir, ri.
O vilão é umas das cerejas do bolo, há
muito eu não via alguém tão detestável, há tempos eu não me compadecia tanto
com os mocinhos. Toda vez que Kreese (Martin Kove) aparecia na tela eu me
segurava da cadeira para não avançar nele (mesmo sabendo que eu apanharia feio
dele rs). Achei ótimo também terem contado mais sobre o passado dele
através de flashbacks, as cenas são muito bem feitas, tem uma fotografia
maravilhosa e através dessas lembranças conseguimos entender melhor as motivações
do personagem e as circunstâncias que o moldaram e o tornaram esse ser tão intragável.
Por último e não menos importante, a aparição
de Ali (Elisabeth Shue) foi legal de se ver, mas também um acontecimento bem
morno que no final das contas não fez muita diferença (por enquanto), eu não
duvido que futuramente a personagem reapareça na série com um pouco mais de
emoção e conteúdo.
É óbvio que tiveram coisas no roteiro
que não me caíram muito bem e me incomodaram, ninguém na vida real que cai da
altura em que o Miguel caiu consegue se recuperar em tão pouco tempo. A série
nesse sentido teve muita pressa, o que banalizou o acidente que outrora havia
sido tão grave e estarrecedor, porém se tratando de um show onde o público alvo
é o mais jovem, é de se compreender que eles não quiseram prolongar muito este
assunto que poderia se tornar maçante caso se estendesse a mais uma temporada.
Os atores, como sempre mandaram muito
bem, sobretudo os atores adolescentes e mirins que são maravilhosos. Peyton Roi
List que interpreta a impiedosa Tory é a minha grande predileta no quesito
atuação, toda vez que ela aparece com aquela marra de bad girl eu ficava
vidrado (e apavorado rs). Jacob Bertrand, o Falcão, é outro que consegue
transparecer o tipo de emoção que o roteiro pedir da maneira mais natural
possível, ele vai desde o nerd inseguro ao ávido terror do karatê, tudo com o mesmo
personagem, quer mais poder que isso?
Logrando de uma trilha sonora eclética
e oitentista, a produção está cada vez melhor, agora sob a supervisão da
Netflix, eles investiram pesado no show. Só a viagem a Okinawa deve ter custado
bem caro para a série, mas quando estamos falando de Cobra Kai não há
investimento perdido.
No geral, a série mantém o seu padrão,
eu amei cada parte da temporada, já esperava quase tudo o que aconteceu, mas
mesmo assim amei. Eles não deixaram nada a desejar, mantêm o ritmo, acertam nas
piadas, acertam nos momentos de reflexão, tudo na medida certa, sem hipérboles,
sem exageros e extravagâncias. Maratonei toda em um dia.
Já estou ansioso para a próxima
temporada. E vocês, o que acharam? Deixem o seu comentário.
Medo de esticarem demais e acabar virando sendo um final GOT... A série tem potencial para terminar por cima...
ResponderExcluirCom certeza Thi, mas eu realmente acredito que a série tem de tdo para render bastante frutos ainda, mais personagens dos filmes para trazer à tona.
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