Primeiras impressões - Estreia 5ª temporada de The Marvelous Mrs. Maisel

  Dia 14 de Abril, estreou a quinta e última temporada de The Marvelous Mrs. Maisel e o prime video liberou três episódios. Após uma conversa franca com Lenny Bruce (Luke Kirby) no fim da temporada passada, Midge ( Rachel Brosnahan) é obrigada a encarar os fatos, entretanto é tarde demais para voltar atrás e abrir o show de Tony Bennet. Esse é o ponto em que ela percebe que precisa voltar a se mover se realmente deseja prosseguir e ser bem sucedida em sua carreira como comediante. A temporada já começa com uma cena de 1981, de uma garota em uma espécie de terapia, essa garota o roteiro não deixa claro quem é, mas tudo indica ser a filha de Midge porque no segundo episódio vemos uma espécie de documentário onde essa mesma garota ou uma muito parecida com ela está dando entrevista sobre como é ser a filha de Midge Maisel. Eu acho que essas cenas do futuro são muito boas e dá até um aperto no coração de saber que o roteiro está fazendo isso propositalmente para conseguir encerrar ...

The Prom - A Festa de Formatura

 

Eu não conhecia a história de Constance McMillen, a verdadeira Emma que no ano de 2010 foi proibida pelo conselho de sua escola a comparecer no baile de formatura com a sua então namorada, isso no estado de Mississipe. Com a evidência do novo filme do Ryan Murphy (Glee, American Horror Story), e pesquisando um pouco mais sobre a história, chegamos à conclusão que The Prom, nos traz não somente grandes nomes e ótimos números musicais, como também muito o com o que se refletir e pensar. 

Inspirado no musical homônimo da Brodway, o show que fez tremendo sucesso desde meados de 2016 nos palcos do famoso teatro, dessa vez surpreende no formato longa e revela que sim, filmes inspirados em peças musicais podem e devem ser realizados! 

A introdução do filme é bem Ryan Murphy, me fazendo retornar à adolescência, na época em que eu assistia à Glee. Fiquei esperando o momento em que os jovens começariam a tacar slime uns nos outros (o que não acontece, ufa.. rs). Apesar do impecável trabalho com os atores jovens como a protagonista Emma interpretada por Jo Ellen Pellman e sua namorada Alyssa (Arina DeBose), a cereja do bolo é o tão aguardado elenco "maduro", constituído por nomes como James Corden, Nicole Kidman, Andrew Rannells e por último e não menos importante Meryl Streep. 

Juntos eles nos contam a história de uma trupe de atores falidos da Brodway que veem na história de Emma, a oportunidade perfeita para se promoverem e voltarem aos holofotes da fama e sucesso. 

Uma crítica assídua às celebridades contemporâneas que para mim é assertiva, tendo em vista que estamos vivendo um tempo de muitas causas e levantamento de bandeiras, onde a celebridade que se abstém de ter um posicionamento acaba automaticamente sendo cancelada ou esquecida. E também trazendo à tona assuntos relacionados à Pink Money, que trata-se de dinheiro proveniente do público LGBT e o quanto artistas de "má fé" utilizam de artifícios para conseguirem mais e mais esse tipo de grana e fama. 

Mesmo sem conhecer a peça tive um receio com a ideia de um novo filme seguindo os passos de algo já concreto e famoso. Preocupação essa que foi completamente rompida logo no primeiro número com os quatro atores veteranos.

James Corden é brilhante em tudo que faz, seu personagem Barry Clickman é o famoso gay rejeitado pela família, e apesar da afetação que senti em alguns momentos em sua atuação, consegui entender que a proposta do seu personagem era exatamente essa. Ver Meryl na pele de Dee Dee Allen foi divertido do começo ao fim, tá aí uma atriz que sabe o que faz, que se entrega na medida certa, sem dizer que ver a desconstrução da personagem ao decorrer do longa conseguiu ambiguamente me fazer sorrir e me emocionar. 

Nicole Kidman por sua vez, foi deixada um pouco de escanteio, nos entregando uma personagem xoxa e medíocre, a atriz Angie Dickinson, mas realinhando, eu não assisti a peça e é possível, muito mais que provável que esse é mais um problema de roteiro do que realmente de Nicole, afinal de contas, a personagem era apenas um rosto bonito com poucas oportunidades na vida. Andrew Rannels pode até ser um ator indicado duas vezes ao Tony Awards (maior premiação direcionada à peças de teatro e musicais), entretanto ele sempre parece fazer o mesmo personagem, seja na série da HBO Girls ou no filme Boys in the band. Dessa vez na pele do aspirante à ator da Brodway, Trent Oliver, ele se entrega um pouquinho mais e existe um certo esforço em fazer algo diferente, não digo que ele tenha conseguido com êxito, mas pelo menos não fiquei me lembrando toda hora do Elijah (Girls 2012-2017). 

Apesar de aparecer pouco, as aparições da antagonista do filme, Mrs. Greene, interpretada perfeitamente pela intrépida Kerry Washington é depois de Meryl a minha atuação predileta. Kerry traz todos os mais desprezíveis traços de uma mulher preconceituosa, mente fechada e metida à sabichona que odeia ser contrariada e levanta a bandeira do conservadorismo.

A direção de Ryan é muito satisfatória, a fotografia e cores são ricas, nessa obra o glamour e breguice tão clichês dos verdadeiros musicais não estão deixados de lado. 

As músicas são contagiantes, você vibra a cada situação que apesar de bastante previsíveis, são muito bem construídas e desenvolvidas, sem deixar pontas soltas. Como dito anteriormente, é nítido a diferença dos personagens do começo do filme ao seu final.

É com maestria que as pequenas histórias são trabalhadas paralelamente e no final se encontram em uníssono, sem pieguices e extremos (na medida do possível, afinal estamos falando de um musical). 

Como um presente de fim de ano, a parceria entre Ryan Murphy e Netflix não decepcionou, nos proporcionando momentos de diversão, dinamicidade, profundidade e muitas reflexões e não me surpreenderia se por aí viesse uma indicação ao Globo de Ouro ou quem sabe até mesmo ao Oscar.

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