Inspirado na obra homônima de Lily
Brooks-Dalton, dirigido e protagonizado por George Clooney, o novo sucesso da
Netflix nos traz drama, ficção científica e muitos momentos de tensão.
Com um visual diferente do qual estamos
habituados, é um choque ver o quanto o ator mudou para se encaixar no
personagem Augustine, um solitário cientista no Ártico que tenta impedir que
Sully (Felicity Jones) e seus colegas astronautas voltem para casa em meio a
uma misteriosa catástrofe mundial.
O roteiro apesar de simplório, consegue
provocar as mais variadas reações, desde surpresa ao verdadeiro terror, e não é
exagero de minha parte, tiveram momentos em que eu simplesmente não consegui me
segurar colocando a mão na boca, momentos que eu ri e momentos de
emoção.
Ao deixar todas as pessoas irem embora,
Augustine é o único a permanecer no ártico numa espécie de central de controle,
onde tenta comunicação com a estação espacial chamada Aether, cuja missão é encontrar
um novo planeta habitável denominado K-23. Tendo em vista que estão prestes a
retornar à terra para salvá-la, os astronautas não fazem ideia que na verdade
os dois anos que passaram fora foram decisivos para que o planeta conseguisse
se auto-destruir ao ponto de não existir mais uma solução. Não obtendo êxito na
comunicação Augustine decide procurar uma outra torre de comunicação, longe de
onde está e é nesse trajeto que a história se desenvolve.
É importante ressaltar que antes de
sair em sua jornada o protagonista se depara com a presença de uma menina
dentro do local, o levando a mandar diversas mensagens para os helicópteros que
saíram do ártico a fim de ajudar a menina, contudo também não conseguindo se
comunicar com ninguém.
A interação do personagem com a menina
é uma das minhas partes prediletas do longa, amo quando ele coloca ela para
dormir em um quarto e ela volta para o quarto dele, ou quando eles estão
brincando com as ervilhas. Não deixando a menina para trás o homem prossegue
com a missão e ambos embarcam nessa grande aventura.
Após a sua partida rumo ao novo centro
de comunicação somos presenteados com diversos momentos de vida e morte que são
explorados pelo cientista e a garota. Quando eles estão dormindo em uma espécie
de abrigo e o lugar começa a afundar no gelo e Augustine consegue salvar a
menina, mas perde o Snowmobile (tipo de Jet Ski da neve) e com ele o seu
aparelho de hemodiálise, ali temos a certeza que agora não é mais um questão de
sobrevivência do personagem e sim de cumprir a missão e alertar Sully e os
outros a não retornarem à terra.
Por outro lado temos Sully e sua equipe
que mesmo tendo encerrado a missão com sucesso também não conseguem comunicação
com o planeta terra. Achando estranho a veterana prossegue na tentativa de
contato até que por mim, se deparando com um planeta terra literalmente deteriorado,
da estação espacial finalmente consegue contato com Augustine que conta tudo sobre
a realidade atual da terra a eles.
Gente, essa cena em que a estação está
se aproximando da terra é de outro mundo, nem tanto pelos efeitos gráficos, mas
sim pelo efeito que é causado em nós ao ver o que nós conhecemos como planeta
terra de um ângulo frontal, completamente desconfigurado e degradado.
Intercalando a linha temporal da
história entre o agora e flashbacks, nos deparamos com uma versão mais jovem de
Augustine, que foi o responsável por estudar a possibilidade da existência de
um planeta com vida fora da terra e a relação conflituosa com Jean Sullivan
(Sophie Rundle), sua namorada.
O grande plotwist da história é quando
descobrimos que a menina que estava com ele nunca foi real, e sim uma espécie
de mecanismo de defesa que o personagem criou para conseguir concluir a sua
missão, a menina na verdade é a filha de Jean, não fica claro no roteiro, mas
provavelmente filha dele, que ele se recusou a conhecer quando jovem e que é
Sully, a astronauta a quem ele tinha como imcubência convencer a não retornar
ao planeta terra.
O mais incrível é que o roteiro foi
construído exatamente para nos induzir a acreditar que a menina é real, desde o
primeiro instante que aparece na tela ao último. Pequenos resquícios como uma
mãe no início do filme procurando a sua filha desaparecida antes de entrar no
helicóptero, quando Augustine encontra um prato com cereais que não era o dele
e o momento em que a cozinha está em chamas e posteriormente ele a encontra
escondida corroboram para a nossa certeza de que Iris (o nome da menina) seja
real.
Em uma discussão com uma amiga, a
existência da garota virou pauta, de um lado tinha eu, que criei a teoria de
que ele criou essa ilusão de maneira consciente para conseguir concluir a sua
meta e do outro ela que acredita que ele estava alucinando sem querer, seja
qual for a sua opinião, uma coisa é fato, é um bom reviravolta na trama que
traz muito peso e profundidade ao enredo, sendo que as motivações do cientista
eram muito mais complexas que as até então apresentadas, mais paternas, eu
diria. Rs...
Desde o momento em que ele perde Iris
no meio da nevasca e com os raios solares, do nada ele avista Jean e logo
depois a menina, imaginei que ela não fosse real, não sei, tinha algo de
estranho ali.Eu só não fazia ideia de que ela era Sully.
Com um elenco bem escalado que cumpre
bem o papel, a direção muito bem elaborada pelas mãos de Clooney e um roteiro
carregado de simbolismos e metáforas, O Céu da Meia Noite, é tudo menos
raso.
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