Criada por Chris Van Dusen e inspirada
na célebre série de livros da escritora Julia Quinn, agora sob o poder da
produtora de Shonda Rhimes (Shondaland), temos finalmente entre nós, uma das
séries mais aguardadas por mim e todos os fãs de Shonda, Bridgerton.
Para começar, a série é narrada pela nossa
eterna Mary Poppins, Julie Andrews, que é a Lady Whistledown, simplesmente a
personagem mais importante e onipresente da série.
O show funciona como uma espécie de
Gossip Girl de época, onde Whistledown é a grande fofoqueira da alta sociedade
londrina do século dezenove. Ela escreve sobre todas as maiores fofocas e
pública em seu "jornal", que é distribuído como se fosse panfleto no
meio da rua.
A primeira temporada é exatamente a
história do primeiro livro de Quinn nomeado O
duque e eu, que conta a história de Daphne Bridgerton (Phoebe Dynevor) que
está debutando, logo de cara Daphne se torna a grande favorita da rainha, se
tornando a grande celebridade da temporada de casamentos do ano de 1813.
Apesar de possuir muitos pretendentes,
nenhum ainda pediu a sua mão e esse é o ponto em que ela conhece um jovem rapaz
recém chegado na cidade, Simon Basset, o Duque de Hastings (Regé-Jean Page).
Após seis longos anos viajando pelo mundo, o belo rapaz retorna à Londres.
Rico, bonito e solteiro, ele é um prato cheio para as mães da alta sociedade,
que só pensam em arrumar um bom partido para as suas filhas, entretanto, o
intuito de Simon é nunca se casar e ter filhos.
Criando um laço com o rapaz, Daphne
cela um pacto com ele, ambos fingem estar em um relacionamento um com o outro para
apressarem os admiradores de Daphne a pedirem a sua mão, por outro lado para
que as mães da alta sociedade parem de encher o saco do Duque e por último e
não menos importante, para enganarem a maior de todas as fofoqueiras, Lady
Whitlesdown.
BRIDGERTONS:
Vale à pena deixar claro que a história
tem muito mais a oferecer que um simples romance adolescente, existem diversos
núcleos divertidos e interessantes, comecemos pela família inteira Bridgerton,
uma família aristocrata formada por oito filhos e uma matriarca víuva e amável,
Lady Violet Bridgerton (Ruth Gemmell), que diferente de muitas mães e pelo fato
de ter tido um relacionamento muito bom com o seu finado marido acredita que
amor é muito mais importante que status.
O filho mais velho é o Anthony
(Jonathan Bailey), ele é superprotetor de Daphne e responsável pela família
inteira na vacância de seu pai, entretanto em muitos momentos ele extrapola um
pouco nos cuidados e passa a se tornar um verdadeiro ditador. Ele é apaixonado
por Siena Rosso (Sabrina Bartlett), uma cantora de ópera, e não consegue
assumir o romance, tendo em vista que a mulher não é da alta sociedade e não
faz parte de seu universo. Esse é um personagem que não conseguiu me
conquistar, na verdade, criei uma grande antipatia por ele logo nos primeiros
minutos da série, espero que futuramente consigam se aprofundar mais nele me
fazendo entender os motivos pelo quais ele age da maneira que age.
O segundo irmão é Benedict, esse quase
não aparece na série, faz a linha artista, e por ser o segundo filho sabe que
pode ter uma vida mais tranquila que a de Anthony, se jogando em experiências
mais ousadas. Nessa primeira temporada Ben está sendo introduzido ao mundo
liberal artístico e não ficou claro, mas tudo indica que sim, se tivermos uma
segunda temporada, é bem possível que ele explorará mais a sua sexualidade e
venha a se descobrir um LGBT.
Colin (Luke Newton), é o terceiro, ele
é um dos meus personagens prediletos. Carismático o menino mostra integridade,
desenvoltura e muita fofura toda vez que aparece. Não sei se é por causa do
personagem ou o ator, mas é impossível não dizer que eu amo o Colin! Ele vive
um breve relacionamento com Marina Thompson (Ruby Parker), prima longinqua dos
Featheringtons, entretanto, as coisas não saem exatamente como ele
planejou.
Daphne é a quarta filha e a
protagonista, ela é sonhadora e delicada, a perfeita adolescente debutante do
século dezenove que sonha em encontrar o homem perfeito para se casar, ter
filhos e passar a vida inteira ao lado de seu amor. Ela é muito bonita e chama
a atenção de todos os jovens.
A quinta filha é Eloise (Claudia
Jessie), outra que está na minha lista de personagens prediletos, diferente da
irmã, Eloise é o mais próximo de uma feminista que a série nos apresenta,
ironiza o sistema matrimonial da época, está sempre questionando tudo, sonha em
poder estudar e ser independente. Está sempre batendo de frente com as regras e
os pensamentos retrógrados da alta sociedade e é a maior fã de Lady Wistledown
pelo fato de ser a única mulher que ninguém ainda consegue calar. Ao longo da
temporada é incubida pela rainha a descobrir a identidade de Whitlesdown.
Em sexto temos Francesca Bridgerton
(Ruby Stokes) que aparece apenas nos últimos episódios, em duas ou três cenas,
não é muito comentado sobre ela, mas entendi que mora em Paris. Os dois últimos
são os caçulas Gregory (Will Tilston) e Hyacinth (Florence Hunt), pelo fato de
serem muito jovens não é explorado muito sobre eles, porém são engraçados, os
atores mandam super bem e toda vez que aparecem é para de alguma maneira serem
o alívio cômico da série.
FEATHERINGTONS:
Os Featheringtons é uma família
aristocrata que está passando por uma crise financeira. Diferente de Violet,
Lady Portia Featherington é uma mulher ambiciosa que quer apenas o melhor para
as filhas, o seu casamento está de mal à pior e muitas vezes acredita em amor
por comodidade financeira. Ela tem três filhas mulheres, sendo elas:
Prudence e Phillipa Featherington,
ambas as personagens são deixadas um pouco de escanteio pelo roteiro, mas eu
acredito que se houver uma segunda temporada serão mais bem utilizadas. A
terceira filha é a que realmente tem relevância (até demais, entendedores
entenderão), que se chama Penélope Featherington (Nicola Couglan), ela é uma
jovem gorda, fora dos padrões para a sociedade e que sofre de amores por Colin
Bridgerton (quem não?). Ao descobrir que sua prima Marina está tendo um
relacionamento com Colin, Penélope é obrigada a ter que escolher entre o amor
de sua vida e a fidelidade com sua prima. Todas as três irmãs estão
"encalhadas" e raramente arranjam um interesse nos bailes das
temporadas.
Lorde Featherington (Ben Miller) é
outro personagem que não aparece tanto na trama, mas sabemos que ele não vale o
pão que come, é um viciado em jogos de azar, está sempre fazendo apostas altas
e tudo indica que trai a esposa em bórdeis pela cidade.
DUQUE DE HASTINGS:
Rejeitado pelo pai por possuir uma deficiência
em sua fala, ele é criado por Lady Danbury (Adjoa Andoh). Hastings é um
personagem que eu também não me simpatizei muito, me julguem. Tudo bem que ele
é um personagem com muitos traumas e feridas, mas o fato dele colocar um trauma
em frente ao grande amor de sua vida não funciona para mim, é como dar murro em
ponta de faca, o ator é muito bom, cumpre com a proposta, o meu problema mesmo
é com o personagem, não li o livro, portanto não sei dizer se ele seguiu
fielmente, contudo posso declarar o meu cansaço perante as suas chatisses. Por
outro lado, sua "cuidadora", Danbury é maravilhosa, que atriz, que
papel, toda vez que ela aparece eu me deleito! Inclusive, amo a cena em que ela
está fazendo o encontro com as mulheres casadas, é muito bom ver a interação
entre elas.
RAINHA E REI:
A rainha Charlotte (Golda Rosheuvel), é
outra peça rara, ela é uma mulher forte e não muito resiliente que gosta que as
coisas sejam literalmente de sua maneira. Por outro lado o rei quase não
aparece, mas o roteiro dá a entender que o mesmo sofre de uma grave doença que
seria alzheimer.
MARINA THOMPSON:
A prima distante dos Featheringtons,
faz parte de um dos núcleos mais legais da série, tendo em vista que é uma
jovem que engravidou sem estar casada, um verdadeiro escândalo para a época,
ver como a série trata o tema é muito legal, afinal de contas, estamos falando
de uma época em que as mulheres não tem direito algum. Vendo-se sem saída e
aproveitando que está no começo da gestação Marina decide usar Colin Bridgerton
para se casar o mais rápido possível e não ficar mal falada, tudo isso com a
ajuda de Portia Featherington.
Gente, a produção da série é impecável,
desde as roupas, cenários, iluminação, fotografia, simplesmente impecável. Nós
entramos em sua atmosfera como se fizéssemos parte dela, eu não consegui parar
de assistir, maratonei tudo em apenas um dia. Não tem como não amar os
personagens (alguns mais que outros obviamente), todos tem algo para contar, é
uma história que sabe muito bem utilizar os seus coadjuvantes e retratar muito
bem as diferentes experiências que a época acarreta em cada uma das diferentes
figuras, seja ela masculina ou feminina.
Por parte do masculino, temos todo o
peso de ser homem, as grandes responsabilidades e o controle que o homem tinha
a obrigação de impor em relação à suas esposas e famílias, muitas vezes o
próprio Antony ou Benedict se viam amedrontados, sem saber o que fazer por toda
a responsabilidade que significava ser homem, e apenas reiterando, não estou
defendendo o machismo da época, mas apenas explanando o significado do que era
ser homem na época. Por parte das mulheres a problemática é ainda maior, pois
entramos em camadas mais e mais problemáticas, a mulher tinha que ser
apresentável, bonita, magra, delicada, ser virgem, pura, condescendente, tudo
isso sem reclamar, sem ter uma voz.
Bridgerton sabe utilizar disso tudo ao
seu favor e nos contar uma bela história de picuinhas e escândalos, que vem
embebidos de crítica e alfinetada social.
Ver Shonda participar de um projeto
como esse, mesmo que como produtora, é no mínimo curioso, afinal de contas, as
suas protagonistas são sempre cheias de poder, força, independência e
liberdade.
Dentro das possibilidades da época
digamos que realmente Daphne é uma mulher e tanto, mas compará-la com uma
Meredith Grey ou uma Olivia Pope é delirar.
O enredo não enrola, as coisas fluem
naturalmente, não existe um episódio que seja desnecessário ou um momento que
me desse vontade de desligar o notebook.
Com uma primeira temporada muito bem
fechada, aliás, fechada até demais, afinal tudo dá a entender que a identidade
de Lady Whistledown foi revelada. É um pouco preocupante o futuro que a série
poderá tomar, sendo este o maior segredo que nos seguraria até um possível
final oficial.
Basta a nós aguardarmos por uma nota
oficial da Netflix em relação à segunda temporada de bailes, danças,
intrigas e o mais importante, escândalos!
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