Primeiras impressões - Estreia 5ª temporada de The Marvelous Mrs. Maisel

  Dia 14 de Abril, estreou a quinta e última temporada de The Marvelous Mrs. Maisel e o prime video liberou três episódios. Após uma conversa franca com Lenny Bruce (Luke Kirby) no fim da temporada passada, Midge ( Rachel Brosnahan) é obrigada a encarar os fatos, entretanto é tarde demais para voltar atrás e abrir o show de Tony Bennet. Esse é o ponto em que ela percebe que precisa voltar a se mover se realmente deseja prosseguir e ser bem sucedida em sua carreira como comediante. A temporada já começa com uma cena de 1981, de uma garota em uma espécie de terapia, essa garota o roteiro não deixa claro quem é, mas tudo indica ser a filha de Midge porque no segundo episódio vemos uma espécie de documentário onde essa mesma garota ou uma muito parecida com ela está dando entrevista sobre como é ser a filha de Midge Maisel. Eu acho que essas cenas do futuro são muito boas e dá até um aperto no coração de saber que o roteiro está fazendo isso propositalmente para conseguir encerrar ...

A Voz Suprema do Blues

Baseado na peça homônima de 1984, Dirigido por George C. Wolfe (Noites de Tormenta) e roteirizado por Ruben Santiago-Hudson (Castle), A voz suprema do Blues conquista e encanta pela intensidade e atuações excepcionais. 

Ambientada no começo do século passado, a história nos apresenta Ma Rainey (interpretada por Viola Davis) uma das artistas pioneiras de blues, inclusive denominada atualmente, a mãe do Blues. 

A obra basicamente consiste em uma sessão de gravação de uma música e como era trabalhar com a diva, mas não deixem-se enganar, é muito mais que isso. 

O elenco é formado por nomes como Chadwick Boseman, Colman Domingo, Glynn Turman, dentre outros. 

Comecei a assistir como quem não quer nada, claro que a presença de Viola como a protagonista chamou a atenção, entretanto, acabei me deparando com uma das melhores obras feitas pela Netflix. É incrível como eles pegaram um simples episódio da vida da personagem e dali extraíram reflexões, filosofia e muitos, mas muitos monólogos de impacto.

Para começar, não é inédito, porém sempre intrigante ver como a indústria da música funcionava sob uma perspectiva de uma mulher negra do início do século passado, ter essa experiência, mesmo que pela tela da televisão é revelador, nem tudo eram flores, nem mesmo para a rainha do Blues. 

Um ponto alto para mim é quando a protagonista perde a pose e assume possuir a posição de alguém que demanda muito de seus produtores brancos, que exige e ordena coisas demais deles, mas que tudo isso se deve ao fato dela saber que está no lugar para isso e que após a gravação, após fazerem o que quisessem com ela, ela voltaria a ser apenas mais uma mulher negra comum, esse é o ponto que nos faz refletir realmente sobre a maneira como os artistas negros da época eram explorados e camufladamente tratados. Ver a indústria sob essa ótica é assustador, porém irrefutavelmente crucial para que entendamos a vivência da protagonista de maneira ampla e panorâmica, não apenas a Ma Rainey artista, aquela dos holofotes, mas também a Ma Rainey mulher! O que significava ser ela e não simplesmente romantizar o negro artista da época como se por um milagre eles não fossem alvo de racismo.  

Usufruindo de seus coadjuvantes e nos entregando um enredo regado de muita sensibilidade e nuances, a trama se fundamenta em diversas pequenas observações sobre o funcionamento social da época (infelizmente muito desses aspectos presentes até os dias de hoje, inclusive). Como, por exemplo, quando o personagem Toledo interpretado por Glynn Turman, faz a sua alusão da sopa e de como os negros são tratados ou quando no clímax do filme Renee, personagem do Chadwick Boseman prefere atacar um de seus ao invés de atacar um branco, somos levados a olhar para dentro de nós mesmos, nossas próprias sombras enquanto assistimos a essa cena, afinal de contas é muito mais fácil atacarmos um outro oprimido do que o nosso opressor de fato. 

Este último por sinal, é a grande revelação do filme, Chadwick brilha do primeiro take ao último e não me surpreenderia se viesse uma indicação póstuma aí. Não por solidariedade, mas sim por talento, o mais tangível dos talentos. Ele é o personagem coringa da obra, aquele que nos faz rir, vibrar e odiar. 

A história tem o desenvolvimento muito bom, é gostosa de assistir. A uma hora e meia passa de maneira imperceptível, alternando de momentos de descontração e momentos de seriedade, tornando as injustiças não aceitáveis, mas mais palatáveis. 

A produção está toda muito bem alinhada, desde as roupas aos cenários de época. Deu para ver o esmero que tiveram com todos os pormenores, cumprindo com critérios que cabem facilmente a qualquer filme que já passou pelas mãos da academia de artes. 

De maneira holística, o filme supre todas as expectativas e nos entrega aquilo que promete, como eu disse, conseguiram subverter um simples episódio em algo de real valor e significado para todos nós. Com todo esse movimento Black Lives Matter, não poderia ter chego em melhor hora. 

Comentários

  1. Tenho uma queda por séries intrigantes, principalmente as que retratam situações do nosso passado! Obrigado, estava esperando uma boa crítica pra saber se vale a pena assistir, apesar da identidade visual chamar bastante minha atenção...

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